terça-feira, 29 de junho de 2010

O ouro no Brasil




A descoberta do ouro

As expedições para o interior do Brasil (Sertão) em busca de ouro começaram no final do século XVI mas com poucos resultados. A Restauração da Independência de Portugal em relação a Espanha em 1640 e a reconquista dos territórios ocupados pelos holandeses no Nordeste do Brasil criaram a necessidade de descobrir ouro no Brasil. Era preciso financiar as expedições militares contra espanhóis e holandeses e comprar o apoio de aliados. O rei procurou por isso fomentar a procura e exploração de minas de ouro e diamantes por particulares no Sertão brasileiro. Daquilo que fosse descoberto, a coroa ficava com 1/5 como imposto e atribuía títulos e honrarias àqueles que criassem explorações lucrativas.

Mas durante a maior parte do século XVII a procura de ouro pouco interesse provocou. Descobriram-se poucas jazidas e fracas. Além disso, situavam-se em locais longínquos no interior onde faltava tudo: explorações agrícolas que abastecessem os mineiros, mão de obra para trabalhar e viam-se sujeitos a todo o tipo de ataques e perigos.

Lentamente, no entanto, os Bandeirantes vão avançando para o interior para atacar índios hostis e comunidades de escravos fugidos - os Quilombos. Os bandeirantes eram expedições constituídas por colonos brancos, mamelucos e escravos negros que exploravam o interior do Brasil. O maior número de bandeirantes partiram de São Paulo. O nome de bandeirantes vem de serem expedições militares chefiadas por um nobre que levava a sua bandeira. À medida que avançavam ia-se devastando a mata e surgiam fazendas de exploração de gado.

lavagem do ouro

É só a partir de 1695, quando é descoberto ouro no futuros Estado de Minas Gerais que a exploração começou em força. Começou a partir de então o povoamento do interior. A população do litoral iniciou uma corrida ao ouro no interior abandonando engenhos e outras explorações. A emigração de portugueses do continente (os "reinóis") também mais que duplicou nesta altura.

A situação foi tal que uma lei de 1720 veio tornar mais difícil a emigração para o Brasil tornando obrigatório o passaporte.

Também se assiste nesta altura à chegada em grande quantidade de escravos africanos para trabalharem nas minas.

Esta corrida para o interior levou a que as fronteiras do Brasil se alargassem e a linha do Tratado de Tordesilhas foi ultrapassada o que obrigou a um novo Tratado entre Portugal e Espanha para delimitar fronteiras. Foi o Tratado de Madrid de 1750 que estabeleceu as fronteiras actuais do Brasil. A extracção de ouro atingiu o máximo entre 1735 e 1766, tendo depois vindo a cair. Só no século XIX quando já se conheciam técnicas mais evoluídas de exploração mineira voltou a corrida ao ouro no Brasil.

mapa com a linha do Tratado de Tordesilhas derrubada

Durante a primeira metade do séc. XVIII a produção anual de ouro aumentou muito até que chegou ás 15 toneladas. Graças a esta abundância de metais preciosos a crise em Portugal termina e voltamos a aumentar ao máximo as importações de todo o tipo de produtos do Estrangeiro. As moedas de ouro que D. João V mandou cunhar espalharam-se rapidamente a Europa, nomeadamente a Inglaterra, estas moedas contribuíram muito para uma grande acumulação capitalista que ocorreu neste pais no séc. XVIII.

gráfico das remessas do ouro



A colonização do interior

Para ocupar o Brasil os colonizadores tiveram que destruir grande parte da floresta tropical.

O conhecimento agrícola não era adaptado para este território: Começaram a transformar o mato no campo europeu que conheciam para poderem ter que consumir.

Nas minas havia graves problemas de abastecimento de alimentos. Por isso os agricultores tornaram-se necessários no interior. Os agricultores e os criadores de gado seguiram os exploradores de diamantes e ouro.

Com o tempo o negócio do gado tornou-se um dos negócios mais importantes do Brasil.

A principal técnica utilizada para desbravar foi aprendida com os índios - queimar a mata. Mas ao contrário dos índios, os portugueses fizeram uma exploração intensiva das terras não as deixando repousar. Além disso, a imensa maioria da área desbravada foi destinada à pecuária. A criação de gado exigia terrenos muito mais extensos que a agricultura. À medida que chegava cada vez mais gado os pastos iam-se esgotando e a solução era continuar a queimar terreno para ter novos pastos.

Consequência disto foi a destruição de grande parte da floresta (porque os pastos esgotavam o solo que depois não servia para nada e, porque muitas vezes as queimadas transformavam-se em grandes incêndios) e o ataque e destruição de aldeias de índios que tinham que fugir cada vez mais para o interior. O processo era cruel. Primeiro escravizaram-se os índios, queimando-se as aldeias dos que resistiam. Depois vinham homens com manadas, ampliando as zonas de pastagem com queimadas trocando as florestas pelo pasto.



Como era feita a exploração de mineração e a cobrança de impostos.

Para fazerem a cobrança dos impostos foram criados Casas de Quintar, ou seja, locais para a cobrança do quinto do ouro pertencente à coroa. Em Taubalé, na vila de São Paulo, na costa em Parati, e no Rio de Janeiro. Em cada uma destas casa havia um provedor, um escrivão e um fundidor que fundia o ouro em barretas, e lhe ponha o cunho real, sinal do quinto do ouro que se tinha pago ao rei. Porém grande parte do ouro extraído chegava à Europa sem pagar direitos através do contrabando.

escravos de minas

A exploração de mineração era feita através de escravos, que empregava menos do que um engenho. Por causa dos gastos feitos com a compra e manutenção se escravos, houve a formação de pequenas sociedades. Na 2 ª metade do séc. XVIII, devido a diminuição do ouro, muitos senhores livraram-se dos seus escravos para evitar os custos da sua manutenção.

Na zona dos diamantes, durante o período em que a coroa fez o contrato de exploração diamantífera (o primeiro contrato foi feito em 1739) o contratador possuía numeroso escravos que por vezes, morriam ao trabalharam em locais perigoso e eram submetidos a uma intensa vigilância para evitar os roubos e contrabando.

Quando começou o período da Real Extracção, em 1774,os proprietários de escravos alugavam –nos a coroa para o serviço de mineração. Só uma minoria possuía mais de vinte escravos.

extracção de diamantes



Consequências para Portugal da descoberta do ouro

A descoberta do ouro acabou por ter consequências negativas para Portugal. O ouro de mina gerais exerceu uma grande atracção o que levou muita gente a imigrar para essas terras, enfraquecendo a agricultura no Brasil e despovoando ainda mais os campos na metrópole. Portugal ficava cada vez mais dependente da Inglaterra. D. João V que cobrava um quinto de toda a produção aurífera, utilizou essa riqueza para ostentar uma imagem de poder e magnificência permitindo-lhe entre outras coisas mandar construir o Convento de Mafra.

Convento de Mafra construído com o ouro brasileiro

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